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Campeão do Mundo 2011. |
1º RECICLEM OS SEUS TÉCNICOS;
Muricy Ramalho é discípulo de Telê Santana, mas foi contaminado pelo conceito em vigor desde o título do Mundial de 1994, nos Estados Unidos, de que o importante é ganhar, não importa como. De lá para cá, Mauro Silva e Dunga, por exemplo, passaram a ser referências de volante. A força física tirou espaço da qualidade técnica, invadiu as categorias de base e as escalações dos clubes. Os times e a própria Seleção passaram a adotar o contra-ataque como estilo de jogo, sempre à espera de um gênio capaz de decidir. O barcelona é o oposto desse conceito. Parece dizer: " A bola é minha e eu faço com ela o que eu quiser". No time de Guardiola, não há "brucutu". Contra-ataque é só um acessório.
2º PAREM DE APOSTAR EM SOLISTAS;
O Barcelona mostra ser praticamente inaceitável depender do lampejo de um talento iluminado, como Romário na Copa do Mundo de 1994, e Ronaldo e Rivaldo, em 2002. A Itália de 2006 e a Espanha de 2010 mandaram esse recado nas últimas copas. Nenhuma das duas seleções teve um craque responsável sozinho pelo título. Entre os cluber, o Barça é o principal expoente da filosofia segundo a qual é preciso ter um time. Messe é o cara, mas funciona dentro de um grupo recheado de bons jogadores.
3º REAPRENDAM A TROCAR PASSES;
O Santos contra o Barça foi a síntese do futebol brasileiro. Nenhum clube do país tem, hoje, a qualidade no passe como virtude. Com a aposta nos contra-ataques, os técnicos praticamente aboliram o toque de bola, tão reverenciado na Seleção Brasileira tricampeã do mundo na Copa do México, em 1970, e até mesmo na inesquecível esquadra de 1982, derrotada na Espanha. O tic-tac-tic-tac, como os espanhóies chamam o toque de bola objetivo e com qualidade, foi abolido na escola tupiniquim. Zagueiros rifam a bola, laterais e volantes tentam livrar-se o mais rápido possível dela. Por isso, ficamos órfaõs de um camisa 10.
4º APOSTEM NO VERSÁTIL;
O futebol brasileiro continua refém de esquemas e preso a conceitos ultrapassados. Zagueiro tem de ser zagueiro e ter um centroavante com referência é uma obrigação. O Barcelona jogou sem um centroavante de ofício, a ponto de o técnico Muricy desabafar: " O Barcelona joga praticamente num 3-7-0. No Brasil, seria um absurdo, viraria um caso de polícia e mandariam prender o técnico. Temos o costume, no Brasil, de (achar) que o número de atacantes indica ofensividade, mas o Barcelona prova que é possível jogar bem e fazer gols sem nenhum atacante.
5º RESSUCITEM O CAMISA 10;
Depois da Copa da África, Paulo H. Ganso passou a ser apontado como a solução de todos os problemas da Seleção, graças ao seu bom futebol exibido, principalmente, no título paulista de 2010. No entanto, o jogador começa a perder crédito: fracassou na Copa América da Argentina e no Mundial de Clubes, e teve brilho de vagalume na conquista da Libertadores. Insatisfeito no Santos, foi burocráticoem Yokohama. Enquanto o Brasil é refém dos caprichos de Ganso, o Barcelona foi campeão com pelo menos cinco camisas 10: Xavi, Iniesta, Fábregas, Messi e Thiago Alcântara, o filho de Mazinho, desprezado pela CBF por ter se formado em La Masia, a fábrica de craques do Barcelona.
6º MANTENNHAM A QUALIDADE;
Guloso, o Barcelona jogou no limite contra o Santos para fazer o que mais gosta: colecionar glórias. Enquanto o acomodou-se após o título da Libertadores da América e cumpriu tabela no Brasileirão, o Barça não descansou. Manteve o padrão do início ao fim da temporada e ganhou o Campeonato Espanhol, a Liga dos Campeões da Europa e o Mundial de Clubes da Fifa, sem contar as conquistas em torneios menos expressivos, como a Supercopa da Espanha.
7º VOLTEM A FORMAR ATLETAS E TIMES.
Na final do Mundial, o técnico do Pep Guardiola deu-se ao luxo de colocar em campo 11 atletas formados na academia do Barcelona: Valdes, Pique, Puyol, Busquets, Xavi, Iniesta, Fabregas, Pedro, Fontas, Thiago Alcântara e Messi. O Santos e a Seleção Brasileira treinada por Mano Menezes também têm meninos formados nas divisões de base, mas de nada adianta forma-los e não coloca-los para jogar juntos, a fim de transformá-los em um time. Pique, Fabregas e Messi são os melhores exemplos disso. Nas categorias de base, formaram um timaço do Barcelona B formado por jogadores nascidos no ano de 1987.
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Fonte: Diário de Pernambuco.